segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Carta do Ultimo Metafísico

A alma é um instante do querer
Ou melhor do desejar
A alma flutua no belo instante do desejo
Não na consumação da realidade

Nossa alma é moribunda de nascença
Não há Deus nem nada
Só este profundo vazio
Recheado de discursos vãos

O cético venceu meu camarada
Somos números
Somos nada
Um pequeno ponto na História do mundo

Que no fim
Acabará em silêncio
No profundo silêncio da morte
E boa viagem

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Tecnodepressivo

Tudo funcionando
Cada ponto na exata cor da figura
Vida de silício solitária
Com uma necessidade de acontecer
                                                                 Alem

Na tela
Uma imagem

Um não lugar
Que carrega minha existência
Carrega uma imagem que não é minha
Um eu que não existo

É sempre um quando
Uma necessidade momento do riso
Tropeço nas palavras
E no filete da vida
 
O grande mural vai passando
Na mesmice programada
Comentários de uma vida que não vivo
Uma depressão rasa

Ligeira tristeza
O suficiente para levantar da cama
O sol vai passando
E minha vida vai escorrendo nas pontas dos dedos

Viva La vida
E o tecnodepressivo

sábado, 26 de outubro de 2013

A Tragédia

A tragédia é nó na costura da vida
Um nó tão bem dado
Que as bordadeiras do destino
Cortam a linha
                               E guardam este pequeno emaranhado

É como o troféu roto da vida

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O silencio audível

Mãos que falam
Gestos que abrem mundo
Caiu toda rotina desta manhã morna
Dois casais surdos gesticulam liberdades

E tudo acontece além
Num plano linguístico ignorado
Ah! Quanto entendimento
No balé dos olhos
                                               Só eles enxergam de fato

Todos somos zumbis nesta sala de espera
Meus olhos perdem a cor ante suas realidades
Uma necessidade de ver
De ter na vista sua sobrevivência

Um imperturbável silencio os aflige
A demora é uma eternidade
Saber é um olhar angular
Nos olhos do fato da irrealidade

domingo, 22 de setembro de 2013

Espelho fosco

Não quero abstrações filosófica
Intangíveis
Aliterações demasiadas
Cacofonicas

Já me basta a palavra
Esta travessa
Que foge quando
a quero

quando menos espero
ela me salta aos olhos
e me toma a mente dizendo:
tu és meu!

sou aquele que busca a identidade
a união dos cacos
o falsear verídico do poema
metáforas que libertam o prisioneiro do real

por isso
cotidiano
simples
profundo
como um sentimento intransmissível
 
quase não sou poeta
é sempre um quase

no mais
viva La vida
e seus acasos

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Uma loja no shopping

As verdades descolam das paredes
 E caíram em meu colo
Enquanto olhava as pessoas
Em suas vidas diárias
 
As roupas
Todas querem olhar a vitrine
Todas querem ser
Vestidos de manequins
 
Boa tarde senhora
Fique a vontade
É tudo seu
Basta comprar
 
Eu quero um short
Uma blusa quem sabe?!
Entra senhora
Temos varias cores disponíveis
 
Não sei?!
Bota a mão no cabide
Experimenta
Desfila flutuando
 
Sua bolsa é nova
Toda vendedora põe reparo
Tubaroas da venda
E do varejo
 
Boa tarde
Um sorriso maquinal
Boa tarde
Posso ajudar o senhora?!
 
Sempre se pode ajudar
É tudo tão lindo
Mas este não caiu bem
Sinceridade carnívora
 
Experimenta este
Ah! este sim!
 
Mentira socialmente aceita
O sol lá fora queima
Aqui você está a salvo
É tudo sempre o mesmo
 
Um sorriso
É minha vez não vendeu
Perdeu
Roda a roleta do varejo
 
Esta eu passo
Mal vestida
Vou lá no estoque
Já volto querida
 
Eta má sorte
Quero ela de volta
De volta minha linda?!
O que a senhora deseja?
 
Nunca fui de fato
Vamos juntas
Tal como princesas sem reinos
Folhear felicidades de panos coloridos
 
Quanto é este?
O justo preço minha querida
Quanto vale sua vida?
E sua cresça nesta aparência abatida?
 
Tudo isso
Já basta minha senhora
 
Volte sempre
Estaremos aqui
No templo da futilidade
Prontas para encurtar o seu sonho

terça-feira, 23 de julho de 2013

Manifestações da minha solidão


Protesto contra minha autoridade
Contra este eu supremo do ego
Quem há de entender este ditador?

Protesto contra a solidão programada
Anúncios de praticidades alguma
Quem há de viver assim tão só?

Protesto contra as maquinas auto suficientes
Mentiras coloridas pela inocência
Quem há de ver todas as fotos?

Protesto aos que não sabem protestar
O grito não resolve tudo
Quem há de me condenar?

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O tempo de Secchin

Poemas dedicado a Antônio Carlos Secchin
O seu dizer e redizer
é uma aventura para o portal do tempo e do
ser


A criança a espiar a janela
a ver o tempo amarelar tudo
por dentro das molduras
outros mundos
outras pulgas

No tempo de vovó
não tinha esta saudade a corroer
o feijão era bom
como nunca voltará a ser

nesta evolução de lugar algum
Eis que ficou a criança
a espiar tudo por de traz dos óculos

Dentro da criança
todos os mundos
todas as pulgas

E o mundo ficou a espiar a janela
vendo a criança amarelar tudo
dentro de vovó
ficou só a saudade do feijão

no mesmo mundo
nas mesmas pulgas

e tudo sempre foi sério
menos as pulgas
que eram tudo

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O Gigante acordou

O gigante acordou
será?
                                      Espero
Ainda meio sonolento
espreguiçamos assim
numa preguiça de duas décadas

meio atordoado
acordamos
estamos com fome, sede
e uma puta vontade de mijar

de botar para fora
toda uma porcaria
de gerações passadas
não morremos ainda

estamos vivos

Acordados
e que fiquemos assim por um bom tempo
porque se não
de nada valeu acordar

viva la vida
e a mudança política

terça-feira, 4 de junho de 2013

A passarela

Mas um dia de trabalho
Uma passarela quase tombando
de tão velha
que ficou esquecida no tempo

Atravesso a grande avenida
corações apressados
vão ao trabalho engarrafados
coitados destes sofredores

A liberdade que vos cerca
é sua mais luxuosa prisão
Superemos
Equalizemos no álcool esta agressão

Afinal hoje é sesta feira
dia da pseudo-liberdade
dia do vamos sonhar curto
Do consuma porque o tempo te consome

A passarela está acabando
eis que as coisas sempre estão acabando
mas o sol está nascendo
lindo sol no alto desta passarela

e começo a descer a passarela
um ar pesado invade meu coração
raios de sol penetram na poeira da manhã
cruzes aparecem sombreando o infinito

na tentativa vã de ser eterno

há um cemitério no fim da passarela
vastidão de lapides cercada num muro alto
muro do esquecimento diário
vou parar meu coração não se aguenta

paro no ultimo ponto de meu horizonte
contemplo as pedras de Pedro
as ultimas mensagens para humanidade
não consigo vê-las da passarela

mas estão lá

neste lugar que ninguém quer ver
estão as mais belas mensagens pra vida
meus olhos choram por parentes que não perdi
choro pelo pequeno grupo botando flores nas pedras

Havia muito amor naquele gesto
um arquear a cabeça
na tentativa de desatar o nó na garganta
um abraço para o alem da vida

Flores mortas para o morto
O que é de Pedro dê a Pedro
Na busca da justeza desmedida da vida
vamos rindo e as vezes chorando

Mas sempre buscando
os lados de uma mesma passarela

...

E o poema podia acabar aqui
numa suspensa contemplação metafórica
mas minha metafisica é real demais para isso
servo dos olhos e senhor de meus pés

viro como se fosse voltar
como se voltar fosse a solução ultima
como se houvesse ir e vir naquele instante
respiro fundo

vejo as pessoas apressadas
correndo contra relógios invisíveis
alheias demais para os meus sentimentos
os meus pêsames ficaram em alguns olhares desconfiados

Curiosos olhares aqueles

A maquina não para
e os olhos passam pelo meu horizonte

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O poeta no mar

As amarras ficaram brandas
nada ultrapassou a linha
a razão há de dominar sempre
mas ele sumiu por três dias

completos dias perdidos
entre ETS medos e perseguições
voa meu caro marítimo
realizando o real por dentro

fazendo da vida uma aventura
um alem da realidade crua
quem há de entender tudo
se não o mais sábio dos desajustados?

Ele para diante de meus olhos
enxerga a vida deslocando das beiradas
toda razão definhando
ouvindo a voz de uma emoção alinhada

O sopro da vida aos sete de idade
projeto numero sete meu caro poeta
sim eu fiquei sabendo
sou o sétimo de minha geração

Abdução

Somos gado para ELES
Quem será o próximo?
O gato sorria e dizia:
tu és o escolhido meu caro

viva a vida ELES diziam
e eu dragava o canal do meu ser
Qual é a minha missão
a verdadeira missão da vida?

O louco no bom sentido
sempre o bom sentido
o bom de todos os bons
a voz que encurta a razão

trabalha este poeta do mar
faz de sua vida viagem
navegar pelos mares brasileiros
e buscar o sentido primeiro

Ou aquele eu perdido aos sete de idade
traumas da criança sensível
pontos na carta da vida
derrotas por demais navegáveis

firme meu filho
grita a segunda voz
a voz que vem do infinito
imperativa o espelho tenso do ser

Dói de mais ele dizia
quem vai curar esta dor
retirar esta voz que me cala
que ressoa cá dentro

Não
não faça isso comigo
mas fazem ELES
Eus de nos profundos

e digo
concordamos
repita

Ah! o plural

a luta velada do ser
transbordada nas beiradas
do poeta do mar

bem
das seres
concordamos

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Ao meu Pai



Ah! Meu pai
Aprendi de mais
Hoje vejo você assim
Debatendo com uma apatia sábia

Um ceticismo curtido
Velho saber pratico
Um galo que canta no fundo
Me faz ver estes passos que sigo

Passos que cuidadosamente
Objetivamente
Vou cravando meu pé
Aprendendo a ganhar o pão

Andou sozinho neste mar de gente
Ocupado demais em não ser só

Ah! Meu pai
Esta distância amorosa
Amor transmitido nas sutilidades
Nos hábitos de um beijo e um pequeno abraço

Análise psicológica alguma
Há de curar as almas
Há de explicar o querer e o agir no mundo
Mas olha carinhosamente as almas! Meu pai

Pai que competiu calado
Me ensinando
Que não competir
As vezes é a melhor forma de se jogar

O jogo em si é uma tolice
Uma armadilha das palavras
Sofismo rebuscado do poder
Definhamento definitivo dos sonhos

Tanto orgulho
Tanto amor
Obrigado por me ensinar a sonhar
E a ser pai

terça-feira, 23 de abril de 2013

O funcionário

De segunda a sesta
Funcionário do banco
Terno gravata e pessoas
O capital circula na seriedade do ato

Sai de casa
Cabeça baixa
Mesmo horário
Rotina inabalável

Um transeunte lhe cumprimenta
Com uma certa cumplicidade
Crimes curtidos a álcool
Não olha nos olhos da loucura

No horário do expediente
A retidão é seu sobrenome
Marculino é só para os bêbados
O grande orador de profundidade intocável

Ah! Sesta a noite
Começa outra rotina
Moladar a vida em algumas noites
Cerveja bar e amigos

Amigos de copo
Amigos da vida
Instantes infinitos
Nesta temporalidade emotiva

Outro Marcos
Outra vida

Segunda o estomago ruge de novo
E a selva cinza nos consome

sexta-feira, 5 de abril de 2013

O novo trono de pedro

Trocaram o trono de Pedro
Do ouro para madeira
Um Pedro mais simples
Linda a história dos franciscanos

Espera ai
Este Francisco é Jesuíta
Soldado de cristo
Disso eu tenho medo

O cerne do problema não vai ser mexido
Padre casar?!
Não!
Continuem reprimindo seus líbidos

Tomara que eu esteja errado

sexta-feira, 29 de março de 2013

O jacaré

Tinha um jacaré por entre os prédios
Gritos nesta manhã morna
Tem um jacaré ali
olha!

Ele parado imóvel
Alheio ao espanto praiano
Um jacaré
Com toda sua arrogância de dentes rastejantes

A mãe cata o menino na rua
Como se o mundo fosse acabar
Nesta manhã insólita
Um jacaré por entre os prédios

Agora montou-se o palco da desordem
Um grupo chama os bombeiros
Alguns conversam amenidades
Com os olhos no jacaré é claro

Ele continua lá
Imóvel neste rio que corta os prédios
Um jacaré por entre os prédios
Majestoso jacaré do esgoto

Num dos prédios
Maravilhoso zoológico sem regras
Meninos engaiolados
Atiram pedras no pobre coitado

Perdi o medo de todo
Olhei nos olhos majestosos
E vi que sua imobilidade não era arrogancia
A arrogância era minha em não perceber antes

Ele estava morrendo
A quatro dias não chove
A água está densa
Reclamando ao pó o sopro da vida

Chorei neste palco da desordem
As pedras são a ponta desta violência
Corri os olhos no rio
E lá estava a verdadeira pedra

Rolando rio a baixo
Estrume acumulado de dias sem chuva

O cheiro de lavanda fica em casa
É claro
O resto é na descarga meu filho
Doença não quero em casa

Disse a boa mãe limpa e asseada
Somos então sujos por dentro?
Perguntou o menino perguntão

Não meu filho você é limpinho
O problema são os outros
as moscas
bactérias e vírus que não vemos

Lave bem a mão viu
O almoço tá na mesa

Como pode ser violenta esta imagem?
Quem há de me condenar?

Cresci e percebi o absurdo da limpeza extrema
Hoje choro por um jacaré
Que veio mostrar o sangue em minhas mãos
Não adianta lavar que não sai

Amanhã quem sabe
Eu morra num hospital branquinho
Dogrado, limpo e com o lençol trocado
E tolhido de minhas utimas palavras

Ao pó retornaremos
Do jacaré ao menino
Uns vão mais cegos que outros
Cegos para vida

Mortos vivos
que não viveram

E volta o menino perguntão

Mãe o jacaré me disse
Não tem jeito
O que o jacaré te disse meu filho?
Que a água tá suja e não adianta lavar não

quarta-feira, 20 de março de 2013

Depresão

Se fosse outro
Outro que nem Pessoa tivesse sonhado
Talvez fosse feliz

Bem
Eu sou feliz

Mas as vezes caio pelas tabelas
E me perco em lagrimas
Nada poeticas

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O tempo e o amarelo

Na repartição publica
o amarelo vai impregnando nas paredes
nas cadeiras e nas mobílias

eis que chega a minha vez
um funcionário amarelo me atende
envolto em documentos amarelos

ele maquinalmente trabalha
carimbo, teclado e caneta
engrenagem da incrível maquina

E tudo fica assim amarelo
de um amarelo tão profundo
que vai grudando na gente

saio meio atordoado
o sol já vai se por
e um dia inteiro se foi assim amarelando

respiro fundo e percebo
que amarelo fiquei também
e amarelo foi o tempo a passar

domingo, 10 de fevereiro de 2013

A força do agora

O trabalho
A culpa
Ausencia estampada no rosto
Refletida no choro da criança

Quem há de curar o tempo?
Quem há de viver a vida?

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A voz e a flor

Poema dedicado a minha querida amiga
Priscila Kroupa

Ela é forte
a força primitiva da natureza
rocha inundada de sentimento
força de uma voz decidida

e a vastidão objetiva nos engole
o desencontro bate na porta
mas não entra nem entrará
porque ela acredita na vida

cultiva flores neste mundo de metal
sim ...
o mundo está florido
e sempre estará meus amigos

quando a porta se fecha
é hora de visitar a memória
redescobrir o já conhecido
cultivar o amor esquecido

parado no tempo
aquele que transbordou do copo
e ficou lá esperando
querendo sair qual quer hora

É tudo tão simples
que as vezes assusta
fica naquele tempo etéreo
de se enxergar tudo

e um nada saber de manhã

mas sabemos cá dentro
é isso que importa
não tem água para essa rocha
ela tem água na liga dos grãos

o eterno fica miúdo
diante da justeza de sua voz
e das flores que cultiva
como aquele coração de amor profundo

pequenas letras de amor
tão simples
que poeta algum há de alcançar
são flores nesta cidade cinza

e no fim minha amiga
perdoa estes olhos
esta vontade de exprimir o inexprimível
essa loucura demasiadamente sóbria

você sabe o caminho
força, paz e bem
minha querida amiga

domingo, 6 de janeiro de 2013

Ideias

Quero fazer um poema
Com a mais alta temática
A mais humana dentre todos
a mais filosófica das verdades

Quero fazer um poema e não ser mais um
Mais um numero dentre tantos no mundo
humanos mundos de mim mesmo

As ideias mudam o Mundo!

todos sabem do velho ditado
Mas quem assiste de camarote?
Quem dá fé as irrealidades
pregando na vida essa desumanidade?

Não há respostas unas
meu caro leitor
somos este aninhamento de palavras
de símbolos teimosos

significantes avariados
demasiadas distancias incomunicáveis
ironia de nosso tempo caro leitor
pavor e medo no limite de nossas portas

tranquem-se
construam prisões para seus corpos
suas ideias não podem voar
devem estar presa neste cotidiano roto

Olhem pela janela de sua sala de estar
lá está todas as possibilidades
toda a vida pulsando na mata
nas origens de nossas vontades

E nada acontece
nem um pouco de grama invade o asfalto
continuamos a emborrachar a terra
o medo é a flecha da desgraça

não há história da humanidade
só você caro leitor
o resto são crenças e palavras
duvide da verdade do mais alto cientista

não há tolices em duvidar
temer pelo erro
buscar sua verdade
tolice é aceitação máxima dos graus da academia

somos todos nós de uma mesma corda

O nó que segura esta irrealidade
que nos faz balbuciar qualquer coisa
nesta alienação voluntaria
um sentir sem palavras

caro leitor vos agradeço
a paciência e o julgamento
porque as ideias
não morrem jamais