segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A morte amena


A morte é tão obvia
Que somos cegos diante da paisagem
Podemos ouvir os pássaros
Mas jamais velos por detrás dos montes

Eu sei um dia acaba
O absurdo simples invade o cotidiano
E o obvio se torna oculto
Lagrimas para curar a falta

Flores para os mortos
Os vivos festejam a triste partida
A derradeira festa da vida
Os pés a caminhar soltos dos corpos

Amanhã é segunda
Todos continuam a vida amena
Uma necessidade de partir
No feixe da consciência da vida

O sol invade a varanda da casa
A casa vazia
Primeiros passos estreiam a manhã

Eis que a imagem do espelho
Me diz:
Estou vivo
E metafisica alguma há de racionalizar isso

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A ridícula condição do poeta

A rima é ridícula
Ser poeta é ter qualquer coisa de ridículo
De não ter utilidade
Pra que servem os poetas?

Não sei
Acho que é como perguntar pra que serve as estrelas?
Não há utilidade na vida
A utilidade é presa na razão do momento

O poeta é ridículo
Mas não um ridículo cotidiano
É um ridículo qualquer coisa
Um ridículo pra dentro de metáforas

Como é ridículo explicar este ridículo
Ta ai o embaraço de se dizer poeta
De guardar na gaveta aqueles versos
E nem voce ter coragem de fita-lo

O medo do ridículo cotidiano
Da risada apòs uma rima ridícula
De um verso escapar do contexto
Da viagem mal sentida

E é por isso que todos os poemas
Sempre tem qualquer coisa de não acabado
De oculto e não visto por todos os lados
Profundidades abissais escristas em versos

Coitado do fragil poeta
Que ao leve balançar de um risada
Se encolhe com um caramujo ferido
Orgulho de poeta de gaveta fechada

E vai engolindo o orgulho
E derrepente não mais que derrepente
O poeta ferido no alge de seu ser caramujento exclama:
Escrevo versos para posteridade!

Libertem-se fragies poetas
E aceitem a condição do ridículo
Um ridículo poetico é claro
Não levem demasiadamente a sério seus poemas

É ridículo a condição do poeta
Mas temos que aprender a ser ridículo
No mais sublime grau de beleza
Eis que lá estava a poesia

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Nesta manhã

De todas as coisas resta uma
A morte como espaço ultimo
Hoje acoredei cedo e ouvi um passarinho cantar
Chorei porque ele cantava a morte de uma passarinha