sexta-feira, 24 de julho de 2020

Do Amor





Amar
Verbo indefinido direto
Alguns dizem que
Do amor resta o ódio
Talvez não tenha sido amor
Nem amar

O amor é um pesadelo poético
Faz de sua universalidade e carisma
Um belo bosque iluminado
E o poeta penetra ingenuamente

Treda ilusão
O bosque rapidamente vira uma selva densa
Um labirinto que poucos ou nenhum
Escapam ilesos

Quando escapam
A luz do sol não é a mesma
O tempo colocou rugas na minha face
E o pequeno vazio no peito é vastidão desértica e árida

O poeta não tem culpa
Coitado
Se deus é maquina
É maquina também o corpo que carrega o poeta

Corpo feito para amar
E ser só perdão
Olhem ali o poeta espreitando o bosque do amor
Mas ele bate na perna irado com atual situação

E exclama
“Não falarei mais versos do amor!”
KKKKKKKKK
Mais uma vez coitado

Uma pequena borboleta amarela
Passa diante de seus olhos
Eis o poeta
Amando outra vez

terça-feira, 14 de julho de 2020

A borboleta e o trânsito




parem o transito
olhem ali voando uma borboleta
dessas que voam felizes
tão cheia de sonhos
           
mas como é
metal
cinza
e duro
essa cidade

A borboleta coitada
deusa do acaso e do improvável
vai ser esmagada
no transito, cinza metálico que passa

dou alguns passos
na minha solidão
de pedestre

o sinal abriu
abriu também no ar
o som de uma buzina apressada
e a borboleta ali voando
por entre os motores ligados

Ai que agonia!
Fecho os olhos pro pior
aperto o passo cabisbaixo
triste fim da borboleta

e por um instante
desses que o coração não se aguenta
olho pro lado
vejo a borboleta no alto
e acima dos carros e do chão

voando ao acaso
maestra da desarmonia
do cimento
borracha
e metal

Ai ! De novo uma agonia
um caminhão se aproxima
paro esperançoso na calçada
-         levante voo minha amiga

e no instante do acontecimento
no limite do agora pro que ainda vem
um para-brisa chapado
levou minha frágil deusa do acaso

Ah! se já não bastasse a morte
da borboleta solitária
seu assassino era um caminhão de flores

que ironia!

A cidade que compra flores mortas
não esquece de matar
borboletas vivas
sujando o vidro transparente
com matéria morta
que não vale
nada!



OBS: Este poema foi postado originalmente em 2012.