Não interpreto mais o silencio
A fala já grudou em minha boca
E nossa costura ficou assim suspensa
Entre os desejos alterados por um
sorriso mal dado
Mal interpretado
Se eu pudesse fugir dos clichês
Como uma presa foge de suas escolhas
Talvez pudesse ser sublime, mas não
posso
Minha fala é reta e meus caminhos
tortos
Ontem quando nos beijamos
Foi ontem ... eu sei
A possibilidade do encanto
Nos fez encontrar mais uma vez no
desencanto
A expectativa faz dessas coisas
A borboleta não sabe onde vai pousar
Porque só voa pelas linhas do acaso
E nós olhamos assim desconfiado
Teimamos em querer nossos quereres
O ultimo o beijo é como a última
fala
Ando na loucura
Porque meus pés caminham pela
sanidade
É no desencontro que se vê na fresta do entendimento
Sua música para mim ainda é mistério
Não posso querer mais que isso
No abismo onde o vazio existe é onde quero pular
E pular não resolve nada como deveria ser
Poderia no ato final deste poema
Pedir perdão por esta carta não endereçada
Por estas inferências absurdamente reais
Mas a vida é nossa e de todo o mundo
E todo perdão é em vão
Se não tem o que perdoar