domingo, 13 de julho de 2014

Culpa de Maria

E tudo começou com um tapa
Um grito e uma risada
Depois
Um empurrão que afasta

Uma joelhada
Mãos na garganta
E uma quase morte
Quase tragédia diária

Assim neste misto de desejo e ódio

Mais uma vez
O absurdo se fez cotidiano
A violência nas marcas
Na pele de uma mulher

Que assiste a tudo
E no fundo
Se sente culpada
Culpa de gerações passadas

E ela volta
O instinto não perdoa
Aprisionada pelo desejo
Onde tudo flutua

Entre

Dominar e ser dominada
Dor e prazer
Afinal cavalo manso
É fraco e desajeitado

Principal argumento dos que batem
E dos que aceitam a fraqueza do dominado

E ela sonha em dominar a fera
“Agora foi!
Ele deu jeito
Esta preso pela promessa”

Pela desculpa
Que culpa
Antes do entendimento da culpa
Na justificação do erro pelo seu erro

E ela chora
Sente vergonha por trás dos óculos
Por escuras mascaras inconsciente
Correm delicadas lagrimas noturnas
 
Na pressa de ir
Sai atordoada
Não reconhece esquinas
Afinal se sente culpada

Com passos curtos e apressados
Busca a rodoviária
Passagem só de ida
Um amor esfacelado

Ela senta na espera do ônibus
Ele não chega
É um completo vazio
Cheio de gente e maquinas
 
Ele senta no banco da frente
O ônibus não chega
A agonia não passa
Ela no telefone chora inconsolada

Ele se aproxima devagar e diz:
“Me perdoa não vá meu amor
Tome as redias de minha cara
Faça uma corda de aço
                                                                     não quero liberdade.”

Mas como as palavras podem ser enganosas
A dissimulação é a força do dominante
Que se faz de dominado
Arrependimentos dos que mentem

Ah! O doce vazio de se crer na mentira
De fazer de dentro uma realidade fora
Confundir os sonhos
Embaralhar a sorte mais uma vez

Ai Se eu soubesse rezar
Se eu pudesse sair da dicotomia
Entre lá e cá
“O que fazer com meus desejos e sonhos?

Quem há de curar o meu desejo de desejar
Que desejando o que não deveria desejar
Me cura de um desejo que não posso desejar?
Qual deusa maldita fez o destino de meu desejo

Este nó de ponta única?”
Até quando Maria
Não há de perceber a armadilha social deste engodo
Desta eterna culpa de se viver Maria

Liberte-se da culpa Maria
Corte a corda
E viva La vida