sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Sou poeta


Faz 10 anos que escrevo poemas
Será que já sou poeta?
Desde quando e até quando
Serei poeta?

Foi quando fiz meu primeiro verso ... primeira rima?!
Ou quando terminei o melhor de meus poemas?!
Não, já sei!
Foi quando percebi

Que ser e ser poeta é fingimento
Ou melhor é ser ator único
Estrelando uma peça só sua
E a plateia é mero acaso do mundo

Com o problema da gênese resolvido
Poeticamente é claro
Por que filosofo ou critico algum
Se daria ao trabalho

Voltemos a pergunta
E até quando serei poeta?
Pode se ser depois da morte?
Será este meu último poema?

Minha última cacofonia
Que balbucio sozinho
Nesta madrugada fria

Será este meu último poema?
E não farei mais versos
Porque são inúteis
Palavras que escapam da insônia de um mundo torto

Será este meu último poema?
Não porque morrerei amanhã
Mas porque não farei mais versos algum
Deixarei enfim o encanto e o desencanto de ser poeta

Sou poeta
Eu sei que não é muito
Mas é tão pouco que as palavras
Ficam com dó do ser poeta

É tão pouco
Que acabamos criando entidades morfológicas
Talvez para suprimir a solidão
Ou acabar com tédio de um mundo tão vazio

Sou poeta
Tenho em mim todos os sonhos do mundo
Não sou alegre não sou triste
Sou poeta

Posso parafrasear outros poetas
Sem medo de processos
Posso esticar os ouvidos dos puristas
E dizer assim solene aqui jaz um neologismo

Posso rir da cara dos críticos
Porque nunca ouvirei nada
Eles não nos entendem
E nem nós os entendemos

Sou poeta
Dentre tantas coisas no mundo nasci assim ... poeta
Pequeno de nascença,
Mas com o mundo inteiro a conquistar