sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uma garça

Uma garça na lagoa imunda
Uma graça em pelo
Com seu desfiado vestido branco
Vai por sacolas plasticas e garrafas

Uma garça na lagoa imunda
Que teima em estar viva
Por entre óleos e esgotos
Graças fazendo a refeição matinal

Ainda resiste a vida
Do pouco que se sobrou
Sai a garça de vestido desfiado
Altiva a se enrolar em sacolas plasticas
Sujando a barra da sai

E sai voando assim de lado
Para em uma pedra
Estica seu gracioso pescoço
e voa feliz
Como só as garças podem fazer

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pasto Político

É sempre a mesma História
um roubo político aqui
perdeu um cargo ali
e continuamos a comer capim

domingo, 18 de setembro de 2011

O Cristo e o não-lugar

Não há volta!
Portugal a muito fechou suas portas
coitado destes que sente saudade
neste não-lugar
a saudade é eterna

lá está a imagem
um simbolo cristão cravado no meio da cidade
cristo de braços abertos
abertos de boa vontade se reparar
estranha sina de sofredor

é um muro que separa o mesmo lugar
de frente para Europa
será que ele quer fugir
ou receber os que chegam?

depende do angulo de quem olha
os que veem debaixo
veem um criança birrenta pedindo colo
salve-me desta selva e destes silvas

O não-lugar se faz presente em seus braços
coitado destes que querem fugir
os que querem ficar tem mais é que se salvar

um dia quem sabe
num dia claro de um verão morno
o crito talvez olhe pra baixo
e veja seus pés cravados no chão

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Crente

Me diz:
Se eu não acreditar na Arte e na Filosofia
vou acreditar em que?
Na politica partidária Brasileira
ou nos palhaços engravatados da TV!?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A carta poética

A quem interessar
o poema está ali
a quem interessar
escrevo linhas duras

de uma dureza
de ser único
sou único por ser eu
ego de escritor poeta

a quem interessar
mando uma carta poética
a muita já aberta e esquecida
endurecida no cimento da cidade

a quem interessar
o conteúdo da dureza
ou os tambores do peito
mando uma carta já esquecida

a quem interessar
responda-me agora
não deixe meu coração solitário
tombar diante do inexorável

a quem interessar
salve nossas almas
desse tambor rugindo no peito
dia a dia vivendo a amanhã nunca findo

ah sim !
deus há de cuidar
das cartas esquecidas
e dos momentos únicos e solitário

ah!

agora tudo está claro
meus olhos ainda mareados da verdade revelada
percebem o inominável
transbordando das beiras das palavras

eu sou o universo
todas as pequenas partes
de um canto do pássaro
de um raio solar na poeira

sou uma verdade
a muito já sabida
esquecidas …
nas cabeças que pisão no chão

a verdade de ser o universo inteiro
é mais uma
dentre tantas verdades

e como toda verdade que presta
há de ser simples
absurdamente simples

http://www.youtube.com/watch?v=tlgX5Bj0xXk

domingo, 4 de setembro de 2011

O abate do gado

Vou caminhando
comendo e caminhando
vida boa
vida de gado

eis que um dia
uma fila de irmãos gados
marcados
se fez ante minha retina

e fui seguindo o fluxo
voltar não mais podia
em frente
dizia a placa

sonoros apitos vinham do incio da fila
depois silencio
absurdos silêncios de passos que andam
em frente dizia a voz ao meu lado

meu coração saltou
vi meu derradeiro dia
o abate era o meu fim ultimo
voltar jamais, minha consciência não deixaria

ir para onde?
Se a guilhotina é meu destino
fico ereto ante o inevitável

mais um passo
mais um que passou
eis que sou o próximo
não acredito!

É tudo tão limpo
não há sujeira alguma no chão
nem sangue
nada que denuncie esta pratica hedionda

uma voz me chama
tiro as coisas do bolso
não tenho nada
nem jamais vou ter

fecho os olhos
passo
e o apito ressoa triunfante
respiro pela ultima vez

e uma voz lá no fundo me chama

senhor
Senhor!
Queria por favor voltar
e retirar os sapatos

olhei a minha volta
o voo já vai partir
as pessoas pararam
o raio x apitou
e ainda não morri

http://www.youtube.com/watch?v=JdYw56m89GY