Recado no silêncio
No desespero
Procuramos agir para remediar
O Irremediável
Aprendi
Que devemos seguir
Sempre no sentido da vida
Na corrente do rio
Que nunca é o mesmo
Mas teimamos em criar modelos
Organizados de como vencer na vida
Como descer o rio
Encarar a morte sem medo
Tal como heróis modernos
Plastificados no mecanismo do poder
Não interessa o destino
Se o fim absoluto existe
Ele que surgiu da duvida
E apropriou-se de todo cogitar
Da vida e tudo
Que nos rodeia
E chamamos de mundo
Porque não sabemos enxerga-lo
Quando nasci consciência
Tinha a certeza de que ele era eu
Não havia tristeza
Nem alegria
Era o que era
Eu transbordando de tudo
Eu passo profundo para o devir
Procurei o caminho
E não achei nada
Só violências e delicadezas no cotidiano
Não participo da ordem das coisas
Fiz o que pude
Mas o rio desce
Inexorável
Diante da verdade silenciosa
Desci ao político
Com a certeza dos querem algo
Mas eu não soube querer
Toda vez que pus palavras
No meu pensamento
Elas me escapavam
Olhei a minha volta
E lá vi os reacionários gritarem
Conformem-se
“O que é … é
E não vai deixar de se-lo.”
No extremo oposto
Progressistas sussurravam silenciosos
“Agarrem-se ao seu poder
De fazer o que quer de sua vida.”
Nas rendas imateriais do destino
Costuram-se tudo
Todos estão certíssimos
E completamente enganados
O caminho existe
Mesmo que não seja possível caminha-lo
O caminho é caminhar
E não saber o certo nem o errado
Não creio na verdade
Mas sei que existe
Então
Não perco tempo
Não ganho tempo
No fim
Duvido de tudo
Porque não sei nada
Não sou nada
Apenas mais um caminhante
Na estrada