segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Oração ao amor virtual

 

Ah! Revoluções midiáticas

Me tire das normas da normalidade

Que eu possa ver os maestros de sonhos alheios

Regendo músicas sem saber tocá-las

 

Revolução midiáticas

Orai por aqueles likes

Que sejamos seguidos ... Engajados

Com a justa medida de nossas palavras

 

Que meu corpo seja julgado

Que minhas fotos sejam objetos de olhares intrigados

Que meus stores sejam vistos

E meus gifs desejados

 

Rogai por todos os seguidores

Que eu não perca a fidelidade numérica

De meus irmãos que não sei o nome

Que eu continue amando assim indiferente

 

Fingindo costume de felicidade

Que minha criatividade não definhe

E meus movimentos sejam copiados

Imitações criativas de agir no mundo

 

E por ultimo e não menos importante

Rogai por todos os haters eles não me entendem

Por minhas horas mortas de solidão e angustia

E que meu vazio continue criativo ... Amém

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Da poesia

 

Doce loucura dos poetas

Amantes da poesia e sua força

 

Da poesia fez-se o pranto

Entre as mãos espalmadas

Uma lagrima cai na calçada

Vira uma flor amarela que se chama poesia

 

Da poesia fez-se a musica

Entre dedos, dentes e cordas

Aninham no peito algo que não tem nome

Não tem forma talvez seja a poesia

 

Da poesia fez-se o grito

Entre o desespero, raiva e aflição

Uma força brota nos olhos

E cria coragem onde tinha covardia ... eis a poesia

 

Da poesia fez-se o silencio

Entre o momento e o tempo

Uma paz profunda vibra no peito

E sou nunca mais o mesmo graças a poesia

 

Da poesia fez-se a fala

Entre o ar, gargantas e lábios

Uma força de mudar o outro

E ser para além do corpo eis a poesia

 

O poeta

Ah! O Poeta ... enxerga a poesia

Que descola das bordas do quadro da vida

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Da verdade


 Deusa incognoscível
Quando ela fala os justos se calam
 
Não é bem tarefa do poeta
Dizer a verdade
Ao contrario
Ele inventa espelhos de si
 
Para enxergar outra verdade
Um paradoxo tão encantador
Que ele não resiste em ser o mentiroso
Com bons propósitos
 
Um sóbrio na plateia
Poderia se levantar e gritar bem alto:
“Blasfemia!”
Como não há plateia
 
Só esta folha em branco
O poeta controla seu sóbrio e seu ébrio
E como aqui não farei um tratado
Ou criarei expectativas e realidades
 
Farei jus a poesia e sua semelhança com a verdade
Sim a poesia tem verdade
Tirando algumas exceções não é a dos filósofos é claro
A verdade é irmã gêmea da poesia
 
Duas deusas nobres que olimpo algum há de ostentar
Elas vagam por entre os mortais
Como a simplicidade no sorriso infantil
Uma rosa que sobrevive na beira do asfalto
 
Elas abrem o caminho dos ébrios ao lar
Transforma um olhar em amor
E criam o amor como se fosse seu filho
Deusas poderosíssimas que negam o poder
 
Quando a verdade vier a minha porta
Com a notícia terrível e inexorável da morte
Honrarei seu nome como último ato
E que meu silencio seja enfim esquecido