quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A vida na bagagem

Fiz a mala hoje devagar
com um desejo de ir misturado
a uma saudade antecipada

sempre faço as malas
volto porque não fui de fato
é um instante entre o ir e vir
que me encontro desencontrado

desencontrando caminhos
pessoas e lugares
passos atoas na minha solidão viajante
próximos passos ainda não dados

voltar não posso mais
meu caminho é longo
que com passos curtos
vou trilhando assim devagar

minha vida é um mala sempre pronta
prestes a tencionar a alça
inclinando na direção do mar

mais um destino certo
uma rota e vários caminhos
o nó da retinida que sustenta a mala
pendura minha vida nas bordas do navio

mais um dia de trabalho
na esperança do viajante
fica a mala pendurada
e a certeza que irá voltar