terça-feira, 24 de abril de 2012

aquele indigente
caido na existência
por ora caído ao mar
iguala-se a toda gente
ou nada para a vida
ou debate-se para nada


é um poeta disponível
por acaso alí também nas aguas semeado
quem primeiro recolhe à alma
a aflição daquele sempre aflito
porque para qualquer realidade
haverá sempre

um poeta de plantão

como ajudar aquele náufrago contumaz
um poema,talvez?
ou seu jovém braço?
mas que seja rápido
pois é obrigatório aos poetas
 ludibriarem à morte

petas são hábeis neste ofício
porque vivem náufragos em sentimentos

decide-se por seu jovém braço
ainda crédulo nas virtudes humanas

a mão estendida à generosidade
a alma à absolvição social
para depois o poema!
porque o físico suporta melhor ao físico

feito!
alívio, júbilo, comunhão.

agora,
cada qual que siga fiél
o seu traçado histórico

porém
quem irá salvar o poeta,
o que lhe oferecer,
quando as emoções encobrirem-lhe a alma?

sempre, ninguém!
sempre, nada!
um poema, talvez?
                                cz
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Agradecedio Cezar!

terça-feira, 10 de abril de 2012

O ultimo poema

Talvez sejam estes meus últimos versos
ultimo sopro de qual quer coisa vivida
Talvez amanhã não exista
invento minhas saudade pelo novo

Viva ao novo!
O novo de uma velhice entranhada
uma sabedoria profunda
Assim quero meu ultimo poema

repleto de simplicidade
o amor pela vida
que transborda da beirada do poema
o amor pela vida me faz levantar nas manhãs

Eu quero meu ultimo poema
Eu quero agora!
Como nunca quis querer antes

que acabe meus versos no mar
boiando a deriva
como um louco navio velho
eu quero meu ultimo poema

como o cheiro de um navio velho
tão seu de gente passada
impregnado de sal que gruda na antepara
Que meu ultimo poema seja como um navio velho

Vagando a ermo em sua ultima viagem
Seu velho capitão a observar o horizonte
com uma atenção desalinhada
De chinelos no passadiço

Assim quero meu ultimo poema
Solto de suas próprias amarras
navegando reto e sem destino
esperando chegar a todos os destinos

Assim eu quero meu ultimo poema
o ultimo escrito a boiar
no mar da minha vida que foi

Tal como o velho Capitão
deixarei no cais da saudade
as lembranças e meus poemas

e lá de longe

onde a mente não alcança
vou arrastar meus chinelos
e terei feito
meu ultimo poema