quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A praia


A praia tem qualquer coisa do tempo
Do sol que penetra a escassa sombra
E ficamos assim com estes olhares perdidos
Na imensidão azul das águas distantes

Mar mãe de todas as coisas que vive
Eterno movimento
Ir e vir de energias solares
Que se faz presente nas ondas a quebrar

Areia que delimita meu caminhar
Vento que varre meu pensamento
É sempre um quando presente
Um agora curtido no sol

Esta sombra que me guarda
É o pouco que me resta
O nó desta vida que desata
Na mansidão serena

Eis que vão escorrendo pelas águas
Todos os pegue e pagues da vida
Todo desespero não passa de uma criança correndo
E a bola que não para ante sua querência

As coisas se diluem não necessidade
A temporalidade não é mais que areias
Rolando neste leve ventar
Que não venta de fato

É um afago na face dura do cimento
Um convite ao sono dos justos
Uma delicia para alem dos que sonham
Na leveza intransponível da existência

A praia de areias fofas
De movimentos únicos
Na sorte dos que projetam o futuro
Passos atentos de olhos distantes

Que todo conforto seja negado
Mas a sombra de uma praia

Esteja sempre acolhedora

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A filosofia do silêncio imposto


Esta arrogância disfarçada
Onde o silêncio impõe o não dialogar
Escorre deste podre sistema de dominação sugestiva
O silêncio dos jornais

Misturados as bombas
Faz de genocídios
Perfeitos silêncios não existentes
A guerra muda dos querem falar

Não podem falar
O desespero dos que fogem
Só demonstram a crueldade milenar
Refinada na arte de matar a distância

É tudo um jogo nas mãos de jovens
Baixemos o som para corações sonhadores
Mas apertem o gatilho
Afinal dedo treinado ordem executada

No silêncio entre os tiros
Entre a morte de desconhecidos
Eis que uma silenciosa voz grita ao fundo
"Morte aos bárbaros obedientes a Alá!"

Até quando teremos que interpretar os silêncios?
Até quando a metáfora se fará necessária?
Falsear a verdade de verdade dúbia
É dizer a verdade por de traz da linha dos justos

Mas este ponto é só uma vista de meus olhos
não me arrisco na resposta completa
A pergunta decanta um gota espessa
E assim vou amargando meu café diário

Entre fragmentos do noticiário
E belezas clássicas
O silencio se faz presente

E fico a chorar mortos que não conheço

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Discurso da Miss erudita



Em alguma universidade Brasileira
Jaz a Miss Erudita
Sempre pronta para repetir genialidades



Que o indizível fique no silêncio
E toda poesia seja
Uma tradução torta
De uma realidade que se fez necessária

Que os gênios fiquem sempre no passado
E toda genialidade presente seja obvia
Um necessidade para o futuro
Acontecer como deveria

Que a humanidade nunca perca o esperar
Porque todos os sonhos não podem
Cair no limbo da desesperança
E as almas na eterna agonia

Que esta voz seja pra sempre ouvida
Não como matéria que se faz presente
Mas como coisa que carrega sentidos
E signos rítmicos perfeitos da poesia

Que minha mãe seja sempre louvada
E meu pai sempre tenha um beijo e um carinho

Que meu professor seja perfeito na arte de me enganar
E que ele faça tão bem que eu me sinta importante
Engrenagem fina de um mecanismo
Rebuscado e preciso

Que todos os humildes caiam aos meus pés
E se cale diante da presença de meu diploma

Que meu titulo sobrepuje meu nome
Em uma elevação máxima necessária ao espelho

Que todo pedantismo e arrogância
Se torne parte profunda de meu poder

E no fim

Quero agradecer a História

Por ter colocado meu nome nela