quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Metafísico momento


Este assombro de ter nascido do nada
Um eu filho da entropia
Fico a suspirar fundo
Sentido o presente passar

Alucinado pelo momento
Quero pega-lo para no fundo dizer:
Estou vivo!
Quero ser agora e para sempre hoje

Ser no silêncios todos os sons possíveis
Saudade momento do que há de vir
Quero o agora
Porque amanhã não existe


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O poeta perdido

Meus versos são domínio público
Mas o público não quer ouvir versos
Que não represente o espelho narcísico

Assim
Como fica o poema?
Não fica
Passou

Fui poeta se não para mim
Buscando os silêncios entre os versos
Tecendo metáforas perdidas
Poeta no limite do poema

Não devo falar em nome da poesia
Afinal estou perdido neste silêncio
Buscando personas que não existe
Para enfim

Ser Eu
O verdadeiro leitor de meus versos
Mas não desisto
Abro todas as gavetas

Espalho os papeis pela sala
Público em todos os sites
Curto compartilho
Eis que sou alguns micro bits virtuais

Números top´s
Reduzidos a click´s instantâneos
De atenção mal concedida
Porque não há tempo ... curta

Curto

Mas um numero na lista

sábado, 6 de dezembro de 2014

Política do martelo

E na TV te perguntam
Porque não dorme?
Durmo!

Porque não bebe?
Bebo

Porque não cantas?
Canto!

Eis que tudo se resume
A variações dos mesmos verbos
Que na sugestão sutil do martelo

Vão pregando-me cada dia mais

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O silencio que precede a fala


De silencio fez-se o som
Como que do nada veio a ordem
Na gênese sem resposta do que existe
Não tem meios nem fins que caibam

Cada pó 
Que cuide de sua poeira
Cada vida
Que viva suas escolhas

Equações gerais sem respostas
Matemáticas de tolos sociais
Genialidades próprias de um sujeito
Em predicados momentos existências

Aquele dia que não foi
Mas devia ter sido
São momentos dessa massa carbônica
Cheia de lembranças e expectativas

Todos dormem este sono necessário
Servos de nossa liberdade
Culpados de um juízo subjetivo
Na eterna busca do objeto ... liberdade

Sigamos a trilha de nós mesmo
Como pombos ciscam na praça
Passamos retos e livres
Escravos de um agora inevitável

As musas se calaram
Bits desalmados policiam o perímetro
Devo ser no limite do possível
Apertar botões a esmo na espera do nada

O medo ainda é a mais poderosa arma
Não superamos Cezar nem czares
Apenas refinamos o veneno doce da palavra
Na tela desta realidade

O pano de fundo que tudo cobre
Fez-me sozinho diante do nada
Preso por mim mesmo
O mais assíduo dos carcereiros

Eu que não sou se não uma imagem
Um fantoche ditador do que devo ser
sou esta ignorância bem vivida
Neste mar de gente bem armada pra vida

Eles que sabem o fazem
Que são felizes na medida do possível
Vivem este nó cego
Sem muitos embaraços

Programados num projeto dos que sobrevivem
Engenharias pisco sociais da ética
Modelam o modelo que deveria ser
Escapam felizes desta fardo de se escolher sempre

O fardo de não se saber de fato
A sina da vida sem escolha
É uma foto que nunca foi real
Apenas ficou o amarelo sorriso mal dado

Que suspendam o tapete do agora
Porque a faxina

Já vai começar

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O teu silêncio



O teu silêncio  mostrou-me o limite
Medo de ser mais um humano
Nas genialidades rotas do cotidiano
Críticas derradeiras de uma poesia sem fim

Temperadas em palavras desmedidas
Em um mundo que não sabe ser gentil
Que olha para um espelho torto
E não sabe se é perola ou porco

Humildades necessárias
Neste mundo da desconstrução generalizada
Proteções para um eu lírico sensível
Sobreviver

Este vazio que reveste tudo
E o nó frágil que segura meus braços
Me faz escrever cada verso
Na tentativa de exprimir o inexprimível

É esperar de mais da poesia
E desta inutilidade de fazer versos
Se não para aquele que escreve
E o leitor é mero acaso

As vezes de uma inconveniência desmedida
Na busca profunda das palavras
O poeta está perdidos entre metáforas
E figuras de linguagem

Jogos perigosos
Para quem tem coração de versos
Jogos com palavras
Que não saciam a realidade

É sempre o lado outro que não disse
Mas teimou em bater cá dentro
No desencontro dos desencontrados
Sintonizam-se no entendimento do silêncio

Nesta lógica do não enquadramento
No medo do porvir
Escrevo a ti e a toda humanidade
Porque no fim escrevo se não para mim

Uma crueldade analítica
De meu eu lírico desmedido
No eco de nunca encontrar o Narciso
Nas repetições da vida

É sempre este querer já sendo
Nos tempos imperfeitos
Em versos verbais do não dizer
Por isto peço licença

Me perdoe a intromissão
Esperarei calado
Neste eterno silêncio

Esperarei o momento da fala
Para enfim talvez

Compreender

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Carta política


E agora?
Passamos pelas ruas
E agora?
As mesma caras vencendo a disputa

É meu amigo
No pais do homem cordial
Do malandro
E coisa tal

Nada muda
O que muda
É que aumenta a desesperança do pobre
A cachaça no esquecimento da vida

Muda também a cara de alívio do jornal
Acorde meu amigo
Não acordamos pra vida
Talvez suspiramos para um sono mais profundo

Dizem por ai que do pesadelo
Só se acorda com um susto
E alguns outros já ecoam a máxima pós-Marxista
Guerra civil ao capital!

Ah Índia
Ah Gandhi
Ah Gentileza de minhas ruas
Ensinai ao meu povo jovem

Que o vizinho come do mesmo prato

A cordialidade com os estrangeiros
Esconde nossa vergonha corrupta
Fechemos as feridas históricas
Lambemos então o sangue e sejamos um

Brasileiro
Longe da bola
Longe
Do circo fervente do bem virá

Qual radical há de ser o pivô brasileiro?
O modelo platônico de uma realidade oca?
Ah Gentileza
Tu fostes a rua e pregaste um cristo

Que não sabemos praticar
A cara
A face
Qual aforismo louco ainda não lemos

Não sabemos ser cordiais
De fato
Impressões a parte
Sejamos gentis com os vizinho

Afinal o prato é o mesmo
Mesmo ato
Mesma face
Mesmo tapa

Que abram todas portas do agora
Num fenda alucinante para este momento
E que o sorriso desta criança ao meu lado
Não cai morto em um guerra que não resolve nada

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Devaneios poéticos

O subjetivismo de minhas palavras
Esbarra entre a certeza de não se saber nada
E a ciência que tenho eu do mundo
Assim vou passando por estes versos

Versos sem fundo
Tal como o saber de tudo
Perdido no fundo do armário
No fundo desta metáfora ruim

Talvez a vida seja
Uma metáfora ruim e sem graça
Este eu que escreve
Hoje não esta bem

Não pode estar

Sigamos os olhos então
Eis que deixei o declive do dente da engrenagem
Machucar meus braços
Olhemos ao sol

Afinal tudo não se reduz a palavra
A consciência de se estar consciente
É o maior engodo dos iluminados
Ratos girando na esteira da perdida ciência

Uns gritam bem alto
Como se gritar aliviasse a verdade do peito
"somos nós os novos deuses"
E quem discordar será tachado de retrogrado

Eu que não sei falar se não de mim
Eu que jamais pulei o muro defronte minha realidade
Não posso lutar com estes versos
Deslealdades realísticas

Eu não sei gritar

Pensando bem não sei lutar
se não para mim
Um egoísmo de saber só para si
O louco eu perdido cá dentro

Sonhando sozinho
Tal como uma criança
Olhando o muro defronte
Não vai pula-lo

Mas já pulou e não gostou do que estava alem
Por isso volto choramingando ilusões
Contemplou o muro sonhando
E sonhou de mais meu menino

E voltou a dormir
O sono perpetuo
Da ignorância e da inocência
Porque saber que sabe é um estado de espírito

Uma afirmação metafísica
Deixemos os profetas cuidar disso
Cuidemos de nossa vida
Porque o caminho é curto


E são muitas as pedras dessa vida

Audio

domingo, 3 de agosto de 2014

Em Juiz de Fora

Na preparação da arma
Uma emergência de 64
Um grupo de 1.200 homens
Caminham para proteger o estado

A democracia há de ruir
Mas nada é findo ainda
Para este soldado que caminha
viaja reto sobre o seu destino

o pelotão anda como se dominasse a morte
com uma sobriedade da vida
defende sua partia com amor de jovens
jovens soldados sem despedidas

a chuva limpa o coturno imundo
lava a alma sombria soldado
entre o hino e a marcha
a vida escorre pelas beiradas do prato

marcha soldado
na linha de frente do estado
doa sua vida
no limite entre o certo e o errado

O silencio é perturbador
Eis que um menino mirrado
Aparece dizendo:
“o pelotão inimigo foi avistado!”

“estamos perdidos
Estamos cercados”

“Quantos meu filho?
Muitos
12.000 homens
Blindados”

A colina ainda não chegou
Acampemos no vale
Disse o coronel de campanha:
“Amigos de armas

Nossa hora chegou!”
12 dias se passaram
Tensão armada
Emoções reprimidas no rifle engatilhado

Guerra civil!
Nenhum tiro foi dado

No décimo terceiro dia
Um soldado do estado
Canta na aurora
Na fila do rancho

“Gloria Gloria
aleluia
Gloria gloria
aleluia
cristo a frente do seus povos
multidão já conquistou”

1.200 homens
Em coro
Levantam as vozes
Como pássaros armados

A musica acabou
O silencio começava a perturbar de novo

Quando se houve
Na fronteira inimiga
Um eco de 12.000 vozes
Eco de uma fraternidade armada

No fundo
São brasileiros
Antes de ser soldados

Nenhum sangue foi derramado
Duas intermináveis horas se passaram
E abraços para todos os lados
Mas a ordem continua é claro

O presidente deposto
E agora começa 64
Sem guerra civil
Graças a um soldado

Que entre o hino e a marcha
Mudou o estado de guerra
Para golpe de estado

domingo, 13 de julho de 2014

Culpa de Maria

E tudo começou com um tapa
Um grito e uma risada
Depois
Um empurrão que afasta

Uma joelhada
Mãos na garganta
E uma quase morte
Quase tragédia diária

Assim neste misto de desejo e ódio

Mais uma vez
O absurdo se fez cotidiano
A violência nas marcas
Na pele de uma mulher

Que assiste a tudo
E no fundo
Se sente culpada
Culpa de gerações passadas

E ela volta
O instinto não perdoa
Aprisionada pelo desejo
Onde tudo flutua

Entre

Dominar e ser dominada
Dor e prazer
Afinal cavalo manso
É fraco e desajeitado

Principal argumento dos que batem
E dos que aceitam a fraqueza do dominado

E ela sonha em dominar a fera
“Agora foi!
Ele deu jeito
Esta preso pela promessa”

Pela desculpa
Que culpa
Antes do entendimento da culpa
Na justificação do erro pelo seu erro

E ela chora
Sente vergonha por trás dos óculos
Por escuras mascaras inconsciente
Correm delicadas lagrimas noturnas
 
Na pressa de ir
Sai atordoada
Não reconhece esquinas
Afinal se sente culpada

Com passos curtos e apressados
Busca a rodoviária
Passagem só de ida
Um amor esfacelado

Ela senta na espera do ônibus
Ele não chega
É um completo vazio
Cheio de gente e maquinas
 
Ele senta no banco da frente
O ônibus não chega
A agonia não passa
Ela no telefone chora inconsolada

Ele se aproxima devagar e diz:
“Me perdoa não vá meu amor
Tome as redias de minha cara
Faça uma corda de aço
                                                                     não quero liberdade.”

Mas como as palavras podem ser enganosas
A dissimulação é a força do dominante
Que se faz de dominado
Arrependimentos dos que mentem

Ah! O doce vazio de se crer na mentira
De fazer de dentro uma realidade fora
Confundir os sonhos
Embaralhar a sorte mais uma vez

Ai Se eu soubesse rezar
Se eu pudesse sair da dicotomia
Entre lá e cá
“O que fazer com meus desejos e sonhos?

Quem há de curar o meu desejo de desejar
Que desejando o que não deveria desejar
Me cura de um desejo que não posso desejar?
Qual deusa maldita fez o destino de meu desejo

Este nó de ponta única?”
Até quando Maria
Não há de perceber a armadilha social deste engodo
Desta eterna culpa de se viver Maria

Liberte-se da culpa Maria
Corte a corda
E viva La vida

sexta-feira, 9 de maio de 2014

O linchamento

Mais um linchamento torpe
A justiça feita na fonte do poder
Uns gritam barbárie
Outros dizem que é a nova era chegando
                                                                  O novo fim

Quem há de ter razão
Neste mundo dos absurdos?!
A grande imprensa está com os olhos vendados
Novas forças testam seu poder

Um retrato falado
Um corpo estendido na rua
A fofoca que aumenta mas não mente
Não querem mentir

Povo culpado
Sonha além dos limites
Projeta sua realidade
Num misto de oráculo e medo

Quem decide a morte em prol da vida?
E o que o destino nos reserva?

domingo, 6 de abril de 2014

Tecnocurioso

Dedos que movem o mundo
Movem a tela para uma outra
Não tela
O que buscamos neste toque que não toca?

Se arrasta
Esta linha que não separa
Lados que não definem nada
Moedas que voam como bits desalmados

É o PODER!
O poder de ser senhor da própria morte
De ter nos dedos a estúpida vontade imediata
O agora como servo sereno e compassível

E no fim
A cobra que seduziu Eva
Mordeu o dedo do idiota curioso

terça-feira, 11 de março de 2014

A obra

Tijolo
Cimento
Argamassa

O pedreiro levanta um muro
O lado de dentro de um quarto qualquer
Um dentre centenas de quartos
Um tijolo dentre os milhares

Milhares pedreiros da obra
Mãos de cimento e suor
Criam espaços futuros

Crianças mimadas hão de rabiscar esta parede
Quadros irão enfeita-la
E esta rede há de me segurar

Estou apoiado em mãos anônimas
Anonimato imposto
Na política do esquecimento

Faz do obvio poesia

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O Pixo

Quem assinou
O mural da fama dos anônimos?
Arte marginal
De um descontrutivismo alinhado

Filosofias que estão além
O mural da realidade há de suportar?
O rabisco?!
O traço da fama?!

Sou pixador
Questiono a beleza tradicional
Maquio lugares abandonados
Praças, esquinas esquecidas

Protegido pelo véu da noite
Imponho me autografo
Como um famoso decaído
Marco na pedra minha marca

Balanço a lata
E sou eu saltando pro infinito
Desenhando um A e um circulo
Escrevo frases para os cegos do dia

Ah! O dia veio
Sai de casa apressado
Para inauguração publica de minha arte
Meu outdoor anarquista

Sento em meu camarote
Peço uma água no bar da esquina
O tempo passa
E ninguém põe reparo nas nuanças delicadas da escrita

Eis que um velhinho sai da casa vizinha
Uma lata de tinta cinza
Pintou meu coração atrevido
Pintou toda esperança do mundo

Não posso falar a luz do dia
Mas vamos lutar
Eu com meu spray
Você com sua tinta

Amanhã pixo seu muro
Velho capitalista