domingo, 12 de novembro de 2017

A fala e o nascimento da poesia





Ontem quando disse ser poeta
Me perguntaram assim despretensiosamente
O que é a poesia?
O que faz do poeta assim tão especial?

O lado obscuro do ser e ser poeta
Quando se explica não sabe
Quando se sabe não aprendeu direito
Nasce-se assim com as palavras meio envesadas

Ando há procurar razões ... Onde  razões não há
Faço versos inúteis porque não há utilidade na poesia
Nem caminhos necessários
Se aqueles versos te serviram não foi a intenção ultima

Se eles mudaram sua vida
Foi mera casualidade
Não culpe o poeta de buscar a poesia
São só palavras e pessoas

Ontem quando sai do silencio
E arrisquei meus primeiros passos na direção da fala
Não sabia quando nem onde
É o improviso da vida a falar por nossas bocas

Um eu a costurar expectativas no outro
Sempre a ponderar e depois agir
Mesmo que por impulsividade
O silencio é anterior a fala

E a poesia é meio onde isso tudo acontece
Um defronte do outro
Um a não entender o outro
Por ser ... Outro sua natureza

E quando me recolhi ao silencio
Ele me disse solene e utilitarista:
- Então envergas o discurso para não o enxergar
Ou envergas para muda-lo não se pode fugir desta dualidade

Não ... não posso
Mas posso falar do nascimento da poesia
Posso olhar o abismo e tirar do nada todas as possibilidades
Posso mergulhar em uma palavra e vive-la cotidianamente

Porque é entre o silencio e fala

Que nasceu a poesia