segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A dureza do real

Há um cinza tão real
que brota nas flores
nas grades das casas
um cimento duro que a tudo engole

não há teto nas ruas da cidade
mas moradores povoam suas ruas
um pingo de chuva
no pé sujo na calçada imunda

um corpo levanta
a sujeira fica nas quinas dos muros
cambaleando
é mais um dia que vai acordar amanhã

e um coração imundo
não vai mais levantar
este corpo morreu ali
entre a rua e a calçada

procurou a morte a todo custo
encontrou a vida das ruas
a cachaça diária
engolida para não viver

Aqui jaz mais um mendigo
um corpo em frente ao caixa eletrônico
o sol nasceu na segunda
e um velho morreu na calçada

entre a rua e o vidro
um cliente apressado
olhou a dureza da morte
e esgueirou-se para dentro do caixa

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