sábado, 5 de novembro de 2011

O louco poeta das ruas

A folha em branco
não há segunda chance
as palavras vão fluindo

e vou com elas a ser um eu
fluido e perdido
um eu que jamais fui e jamais serei
um eu perplexo preso neste instante

neste nada
revestido de todas as verdades
vou meio que no meio
vivendo vidas de um inteiro

eis que o verbo poder
assalta-me a mente
possibilidades que não foram
de um lado oposto e mesmo

a vida que pulsa e empurra meus braços
minhas pernas que vão andando
e vou me perdendo nas quinas dos muros
limpando a limpeza de prédios altos

sou o que teve só qualidades
o que não deu sorte na vida
escrevo para quem?
Se não para praguejar todo este esquema

um esquema a muito já sabido
praticado com os fracos
cheios de força e pulmão
tolerados no limite do silêncio

camuflados de sujeira e pó
cobertores por todos os cantos
vou cantando a vida
e louvando a grandeza deste universo

faço minha reza enfrente ao bar
esquinas da minha solidão
eis que um policial se aproxima
fujo como se não tivesse ali

ainda posso sentir
o gosto da cachaça na boca
paro em outra esquina
e agora vou louvar o sol que já vai

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do que li. Parece-me que há um conflito no qual o eu-lírico sente um misto de prazer e dor, quase que numa medida exata, ao se revelar como alguém ao mesmo tempo perdido e que sabe de si mesmo.
Mais uma vez, gostei do que li!

Alan Figueiredo disse...

Sim Almir é o eu-lirico dividido. esquisofrenico. Parte do sistema que ele tanto odeia. amor odioso.

Até Alan