sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dandara dos Palmares

Dandara ialê de Ganga Zumba


Dandara o rei morreu
o ganga amante das almas
do ódio cravado no peito
a base de chicotada

Dandara o rei morreu
levando seu filho no ventre
filho da escuridão e do vento
Dandara caminha na mata

Dandara das águas
do tempo passado
das eras passadas

Quilômetros da Africa
passos curtos na mata
nas guerras os pés de Dandara
dança no fundo das eras

Dandara o rei morreu
nosso rei negro
Dandara caminha pra longe
levando um filho no ventre

Dandara se esconde
e o ganga menino nasceu
filho do vento e de Dandara

eis que nasceu um menino
da cor do Brasil
do ventre de Dandara
Nasceu o ganga Brasileiro

o ganga sem palmares
ganga nascido nos fundos das eras
no ventre de Dandara
Nasceu o ganga Brasileiro

4 comentários:

Alexandre Pedro disse...

Cara, adoro seus poemas!
Embora conheça pouco sobre Zumbi dos Palmares, achei fantástico como você discorre seu poema...cada verso é uma passagem, como se a personagem "Dandara" estivesse, assim como num filme, em movimento no ato de quem lê/vê.
Ex:
"Dandara das águas
do tempo passado
das eras passadas"
Nesse trecho parece que vejo Dandara fugindo entre épocas. A aliteração em "s" provoca a sensação de movimento ao redor da personagem. Cada palavra passa como vento aos seus ouvidos, atentos, e as palavras são ameaça. Dandara corre assustada com o filho no ventre, tentando fugir da posição de escrava.

Espero que entenda o que quis dizer..hehe...sei que fui mal na explicação..hehe
Enfim, tá genial seu poema!
Abraço

Alan Figueiredo disse...

Ola Alexandre

entendi sim seu comentario
muito bom por sinal
Não tinha me atendado para esta aliteração. Sobre Zumbi eu tambem conheço muito pouco. Li um romace chamado Ganga Zumba que era a história de zumbi romanceada. e lendo senti estar tão dentro da história que me senti no direito de escrever sobre.
Até Alan

Marcia Schlapp disse...

Parabens!Foi difícil encontrar um poema que tivesse tanto sentimento e história juntos. Precisava para apresentar aos alunos da Zona Rural e Quilombolas do interior da Bahia. Grata.

Alan Figueiredo disse...

Boa Noite Marcia,

Desculpa a demora da resposta

É claro que você pode levar o poema a vontade. Tudo que escrevo é em domínio publico.
Nada é meu tudo é nosso!
Posso recita-lo tbm pra ti se quiseres. Eu recito meus poemas no Sound Cloud mas este é antigo ainda não recitei. Mas se quiseres é só falar
Adorei que tenha gostado do poema. Fico Muito feliz!

Abraços Poeticos
Alan Figueiredo