quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A casa amarela do porto

Casa amarela
reboco caído faz tempo
soçobrou a fachada
tombada por papel e tinta

não há mas janelas
grandes janelas haviam
puseram tijolo nas janelas
cobrindo os sonhos antigos

casarão velho do porto
talvez um comandante
longo curso viagens antigas
fosse seu mais ilustre morador

olhando o mar pela janela
sua esposa esperava um navio voltar
voltar de vários dias e meses
uma espera eterna do mar

e um tiro arrebentou o céu
um bote se aproxima da praia
uma botina no cais de tapume
eis que o comandante chega em casa

e abrem-se todas as janelas
o ar penetra a casa como um doce perfume
uma olhada no espelho
um respiro fundo e um sorriso de abrir porta

e lá esta ele
seu comandante impecável
viagens e lugares não conhecidos
batalhas jamais batalhadas

dois sorrisos se enlaçam
todos agora sabem
o comandante está de volta
e as janelas abertas pra vida

o tempo passou
a vida quase voltou a rotina
quando o mar e ganancia
levaram de volta seu comandante

e não se ouviu mas tiro
nem bote
nem botina
sereias o levaram pro fundo do mar
o tempo passou mais um pouco
os filhos seguiram seus próprios passos
saíram do mar
venderam a casa amarelada com tempo

hoje
não temos nem a sombra do comandante
nem botina no tapume
soçobrou a fachada e as janelas fechada

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