segunda-feira, 1 de junho de 2020

Poesia na guerra





Não foram um, nem dois e nem três
Foram oitenta tiros
Não foram uma, nem duas e nem três
Foram incontáveis mortes

O fascismo deu a cara no discurso
Aquele seu vizinho calado
Não tem mas a vergonha
De gritar: CPF cancelado

Cada morto
Cada esquina
Uma guerra anestesiada
Escondida nos discursos de deus

Covardes fascistas

Quando você apoia um fascista
Você se torna um
Não tem meio termo
Para estas pessoas

Não há cristão fascista
Não se enganem
Quem não respeita a diferença
Não merece respeito

O poeta vai a guerra
Armado de palavras
E um sonho de inspirar o outro
Para além do mal e do ódio

Eu me levanto com Maya Angelou
Ando nos mesmos trens de Solano trindade
Chorei com os olhos de Conceição Evaristo
E dancei na quadrilha de Lívia Natália

Vocês não passaram
Porque minha força vem de zumbi e Dandara
Que pariu seu mestiço na mata

Vocês não passaram
Porque dancei com mestre Bimba
A capoeira de todos os santos

Chega!
Vocês não passarão

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