Quando você tira suas reticencias
Meu coração acelera
Meus olhos fixos me denunciam
Lentamente você se despe dos paroxítonos
Um arrepio corre na espinha
Olhos semicerrados a procuram
E você má linguagem que é
Déspota deste coração de poeta
Me atiça com estas mesóclises bem encaixadas
Tiro todos os acentos a dentada
E chupo essa metáfora
Como se fosse uma mera função de linguagem
Agora passa da poesia à prosa
Vejo você escorrer por infindáveis discrições
O realismo fantástico se torna ordinário
Seus discursos ganham tons sintéticos
Que analise alguma a de definir
Você se abre em paráfrases
Eu agarro suas preposições como um animal selvagem
Você ofegando em verbos
Solta um gemido filosófico
E derruba três gramáticos da estante
Berra uma quadra
Ahnnnnnnn
Neologismo
Levanto a cabeça de poeta
Me olhas com a fúria de uma exclamação
Te ataco com todos os meus versos e rimas
E nos amamos ...
Depois
Desta perversão poética
Dou por mim
E você já vestiu todos os hifens
Calça dois parágrafos bem alinhados
Faz um abstract curto e preciso
“just business man!”
Lhe pago três virgulas e um acento
E fico a fumar meu cigarro eletrônico
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