Hoje não sei
Talvez nunca soube de fato
Não sei ... Também se algum dia
Eu pensei ... tu me ouves?
Não nem me conhece
Porque? Não sei
Queria morrer eu sei
Mas não sei se seria a solução
No quarto escuro
Ilumina-se o silêncio
O mistério de não ter face alguma
Tenho face só para o espelho
Mas não me olho
Sou um nó desatado do real
Tu que me ouves
Me olha por dentro como jamais pude fazer
Um sorriso de uma foto velha
Fez você voar com os pés no chão
Pés descalço que não perde a objetividade
Ordinária poesia decantada do real
Ontem eu vi o mundo passar
E ele era cinza mais uma vez
Tal como aquele filme antigo
Que teve graça por não por ter graça alguma
Quantos minutos não passei aqui
Costurando esta solidão?
O silencio de domingo ... sim
É sempre mais profundo
Todos dormem para não ser
Dia útil
Eu inútil verso de natureza distinta
Saboreio liberdades neste quarto escuro
Quarto perdido na noite
De milhões de quartos
Só me resta o silencio
E a solidão
Amanhã quando o sol nascer
Mudo de ideia
Para voltar de novo
A este momento
Triste fim daquele que não sabe
Aquele que não se arrisca em saber
Espera cair em seu colo seu próprio desejo
Ele não deseja e não sabe desejar
Sim ele
Este outro que não fui
Mas sempre andou por ai
Vestido de mim a falar aquilo que eu não sabia
Eu surpreendido sempre
Não questionava
Seguia seus passos para adiante
Seus pés erravam no caminhar reto
Ele não perdoava
Há de ser normal
Para completar a normalidade
Encaixar no utilíssimo momento do espaço ... agora
Quando se olha a escuridão nos olhos
Quando se ouve o silêncios das palavras
Pode-se dizer sou livre
Preso na ignorância de saber
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