Ontem eu fui poeta
Escrevi aqueles versos eu sei
Hoje não sei não
Sempre me pareci poeta ontem
Hoje tenho qualquer coisa
De ordinário cotidiano
Pleonasmo desgastado
Ou talvez arestas desnecessárias
Talvez sim
Talvez não
Esta mudança de perspectiva
Me enjoa
Me encanta
Mas fui poeta mesmo ontem
Hoje não sei não
Ficar repetindo palavras
Trazer a cadencia para o fim
Na eterna costura dos versos
Não vai salvar seu poema não
Nem fazer você virar poeta hoje
Poeta mesmo foi ontem
Ontem ou ano passado não sei
Não interessa
Poeta que é poeta
Não é poeta hoje
Fui ontem não foi?
Ah! Então já sei
Poeta bom é poeta morto
Poesia de ontem que não se repete
Hoje ... não sei não
Tudo me parece um engodo
Uma formula torta
Para enquadrar o que não pode ser enquadrado
Então com esta chave
Que recebi de meu bolso
Porque quis é claro
Libero todos os poetas
Para serem poetas hoje
Liberto o ser poeta
Para todos os tempos verbais
Inclusive o gerúndio e o infinitivo
Coitados dos irmãos pobres
Poetar e poetando
Poetador e poetado
Libertem-se agora
E para sempre
Ah! Mas quando este versos
Forem de ontem
Serão versos de ontem
E nada mais
2 comentários:
Um poeta sempre foi, deus versos serão para aqueles que lerem. Gostei!
Muito Obrigado Luiza
Abraços poeticos
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