“No fim do jogo, o rei e o peão voltam
para mesma caixa”
Provérbio
Italiano
Abram-se as janelas
Deixemos a realidade
entrar em nossos retinas
Imagem desbotada de
uma janela voltada para outra
Um não vista
para lugar algum
Um caixa que se chama
apartamento
Fresta de nome janela
Carros que parecem não haver
pessoas
Portas que se trancam
como grades
Eis que o servo
moderno é
seu melhor carcereiro
Trancam-se na instituição do
medo
Sentem eternas
melancolias de uma realidade perdida
Uma saudade que nunca
se esgota
Que escorre pelos
azulejos da cozinha
Ah servos modernos
Livra-voz deste acordo
invisível
Que vos cega do mais
ordinário
dos acontecimentos
Olhem ali ... Bem
adiante
Uma flor amarela
Nasce na quina do muro
Recolhe o pouco de sol
Nas sombras de uma
cidade suja
Quanta beleza filtrada
nos olhos do cotidiano
Obediências camufladas
nos costumes
Artificialidades naturais
do dia a dia
Olhem ali ... Servos modernos
O silencio
Denuncia
Sua mais profunda solidão
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