parem o transito
olhem ali voando
uma borboleta
dessas que voam felizes
tão cheia de sonhos
mas como é
metal
cinza
e duro
essa cidade
A borboleta coitada
deusa do acaso e do
improvável
vai ser esmagada
no cinza metálico
do transito que passa
dou alguns passos
na minha solidão
de pedestre
e lá está ela
a borboleta sonhadora
voando por entre os
carros
nesse dia semi-engarrafado
o sinal abriu
abriu também no ar
o som de uma buzina
apressada
e a borboleta ali
voando
por entre os motores
ligados
Ai que agonia!
Fecho os olhos pro pior
aperto o passo
cabisbaixo
triste fim da borboleta
e por um instante
desses que o coração
não se aguenta
olho pro lado
vejo a borboleta no
alto
e acima dos carros e do
chão
voando ao acaso
maestra da desarmonia
do cimento
borracha
e metal
Ai ! De novo uma agonia
um caminhão se
aproxima
paro esperançoso na
calçada
- levante voo minha
amiga
e no instante do
acontecimento
no limite do agora
pro que ainda vem
um para-brisa chapado
levou minha frágil
deusa do acaso
Ah! se já não
bastasse a morte
da borboleta solitária
seu assassino era um
caminhão de flores
que ironia!
A cidade que compra
flores mortas
não esquece de matar
borboletas vivas
sujando o vidro
transparente
com matéria morta
que não vale
nada
2 comentários:
ola amigo tudo bem ? Adorei seu poema ( a borboleta e o transito)muito bem feito . . . abraçoooo, Weslley . ..
Que bom que gostou!
Até Alan
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