segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Condenação poética

Sou refém daquilo que escrevo
sou a escrita o som e a pagina
não consigo ignorar-me
muito menos olhar não olhando

“e do poeta se esperam versos
palavras em cima de palavras
estrume em cima de estrume”
quando isso escrevi não sabia o que dizia

Foi um assassinato poético
um licença artística
ou artivística quem sabe
pouco importa sou culpado

Mas não pensem que é fácil
ser réu de si mesmo ou próprio carrasco
não não é fácil
aqueles que fazem fácil esta tarefa coitados

agora escrevo a sentença
entre lagrimas e dor
condeno a mim a ser poeta
e o compromisso com a palavra

E eu como poeta
juro proteger as palavras
e gargantas que as produzem
juro proteger os papeis e as tintas

juro proteger tudo que é frágil
e morrer em prol da liberdade da fala
juro proteger a poética
de vendedores de shampoo e cosméticos

juro proteger as crianças no pátio
os velhos na calçada
juro proteger a liberdade do diferente
e a amizade que tanto amo

Juro proteger o bom e o belo
e que a verdade seja sempre dita
juro proteger todas as rimas
todas métricas mesmo que diferentes

juro que serei poeta
e enquanto me coração pulsar
continuarei jurando
para sempre poetar

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