A epopeia de janela
deste mundo em que me encaixo
deste mundo em que me encaixo
E do nado fez-se a luz
como que do tempo
fez-se a musica
O tempo dançando com a musica
e o vento com a chuva
Arvores que bailam a valsa do vento
Quando o tempo ainda era jovem
o amor reinava entre os vivos
e Orfeu andava livre sem razão
sem bolso do tempo perdido no sono
os vivos descendentes de Arão e Cesta
envelheceram a face do tempo nos olhos dos vivos
e o tempo passou cada vez mais rápido
cada vez mais solitário
Orfeu escravo do tempo moderno
não envelhece tão facilmente
passa a mão em nossas cabeças
como quem diz um dia passa
Orfeu não senti dor
nem dó
nem pena de si mesmo
Orfeu é deus do sono
dos sonhos
dos olhos que se abrem do real
no avesso das retinas fatigadas
servo do tempo
tempo de maquinas e precisão
tempo lobo do homem
espelho concavo de si
o que fizemos com O tempo?
Os relógios que sol algum acompanha
que luz não penetra
nem sombra de Platão teremos
e Orfeu canta sozinho
nos bosques onde borboletas amarelas
voam o belo voo
das borboletas solitárias
velhos moinhos
livros e quixote na estante
bainhas de armas vazias
e nó na garganta
gerras de um mundo sem perdão
gerras de minha própria pátria
pátria amada
entre os mundos um só mundo
minha pátria terrena
pátria mundo
cidadão do mundo
e guardião das coisa terrenas
o que fizemos com O tempo?
o que fizemos com nós mesmos?
No mundo em que me acho
em encaixo com peça usada
olhos de um tempo sem perdão
tempo de meus olhos que endurecerem
e perdão não mais carecer
e fiquei cego perdido e solitário
agora sou escravo do tempo
meu nome é Orfeu
senhor do sono e do acaso
filho da borboleta com esperança
cria de um mundo só
das asas faço voar a cabeça
das patas encravo na terra
com a certeza de que vai melhorar
sim
acredite criança
vai melhorar
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