quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Quando tudo começou 5

A epopeia de janela
deste mundo em que me encaixo


E do nado fez-se a luz
como que do tempo
fez-se a musica

O tempo dançando com a musica
e o vento com a chuva
Arvores que bailam a valsa do vento

Quando o tempo ainda era jovem
o amor reinava entre os vivos
e Orfeu andava livre sem razão
sem bolso do tempo perdido no sono

os vivos descendentes de Arão e Cesta
envelheceram a face do tempo nos olhos dos vivos
e o tempo passou cada vez mais rápido
cada vez mais solitário

Orfeu escravo do tempo moderno
não envelhece tão facilmente
passa a mão em nossas cabeças
como quem diz um dia passa

Orfeu não senti dor
nem dó
nem pena de si mesmo

Orfeu é deus do sono
dos sonhos
dos olhos que se abrem do real
no avesso das retinas fatigadas

servo do tempo
tempo de maquinas e precisão
tempo lobo do homem
espelho concavo de si

o que fizemos com O tempo?
Os relógios que sol algum acompanha
que luz não penetra
nem sombra de Platão teremos

e Orfeu canta sozinho
nos bosques onde borboletas amarelas
voam o belo voo
das borboletas solitárias

velhos moinhos
livros e quixote na estante
bainhas de armas vazias
e nó na garganta

gerras de um mundo sem perdão
gerras de minha própria pátria
pátria amada
entre os mundos um só mundo

minha pátria terrena
pátria mundo
cidadão do mundo
e guardião das coisa terrenas

o que fizemos com O tempo?
o que fizemos com nós mesmos?
No mundo em que me acho
em encaixo com peça usada

olhos de um tempo sem perdão
tempo de meus olhos que endurecerem
e perdão não mais carecer
e fiquei cego perdido e solitário

agora sou escravo do tempo
meu nome é Orfeu
senhor do sono e do acaso
filho da borboleta com esperança

cria de um mundo só
das asas faço voar a cabeça
das patas encravo na terra
com a certeza de que vai melhorar

sim
acredite criança
vai melhorar

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