O louco escuta um zumbido
que emana de um real anterior a este
(UNIVVVERRSSO GENTILEZA)
Não tenho muito tempo
o estomago me corroí por dentro
paro nesta cidade
vejo luzes postes e escuridão
motos que batem carros
batem pessoas
na luz
de um olhar angulado
quinas de ruas em que tropeço
ando tenho que andar
parar assim só pra descansar
e não parar no médico de cabeça
NÃO … sou maluco
apenas ando pelas nuvens
colhendo borboletas
As vezes eu sei assusto
com meu passo descompassado
nas ruas desta cidade
seja como for
tenho me curado
vou andando assim sem deixar rastro
picotando meu caminho
usando o estômago para me salvar
e mãos que estendo ao céu para matar fome
agora me liberto
das garras de minha prisão
a noite sou livre dos olhos e da retidão
eu sou um gesto largo
tão largo como uma pluma
tão sóbrio que tenho sobrado
restos de um mesmo mundo
caídas em meus ombros
uma falácia de minhas mãos
ando em todas as direções
sou peixe mar espinho
cura de um sonho que vive
não sei falar aos outros
não sei mas me entendem
os dedos que apontam meu desassossego
faço o que posso
fujo sempre de mim mesmo
e do caçador dos que voam
vou contar então meu segredo
eu voo bem próximo ao chão
por isso não paro de andar
quero continuar voando
quando a noite cai
e os olhos retos
que não curvam jamais
voltam si na escuridão
voo acima das nuvens
lá onde os raios de sol morrem por ultimo
eis que colho minha borboletas
O dia vem
e tenho que voar
mas voo agora bem rente ao chão
não posso deixar me pegar
me prender nas correntes de remédios
e camas de uma macies profundas
não posso olhar pro céu
ando meio cabisbaixo
se não subo ao céu e to ferrado
agora que falei a verdade tenho que lhe avisar
não conta meu segredo de voar
não olhe pra cima até o por do sol
por que se você olhar
cuidado vai se perder
e nunca mais voltar
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