segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Carta aos portugueses



Olha quem vem lá!
Na contramão das utilidades contemporâneas
Desponta a saudade nas pompas de um futuro prometido
Que definhe o ego nacional

Sonhar em demasia
Viver para com o passado
Não resolve nada
É porque nos olhos da memória ressoam ecos

Sons de um passado triunfante
Ecos conservadores curtidos em sangue colonial
Olhos embaçados de uma saudade torta
Olhos engolidos pelo mar da ganância

O velho mar não perdoa
Seus filhos habitam terras alheias
E vocês andam a chorar saudades sem fim
Acordem oh Portugal adormecido

Acordem meu irmão mais velho
Minha mãe zangada
Meu pai bonachão e repleto de mansidão
Para ... tudo

Acordem
E percebam a nova colonização
Colonos sem pátrias
Colônias sem fronteiras

Ou como disse o poeta moçambicano
Recolonialismo
Não nos falta gente e palavras
Falta-nos entendimento e coragem

Falta-nos união
Deixemos a entonação para os puristas
As palavras ainda são de nossa mãe
Colemos o ouvido no entendimento

Se esta carta chegar ao velho continente
O que duvido
Perdoe-me o estilo
Mas mande um abraço na tia

E um beijo na velha sombra da saudade