terça-feira, 23 de setembro de 2014

Carta política


E agora?
Passamos pelas ruas
E agora?
As mesma caras vencendo a disputa

É meu amigo
No pais do homem cordial
Do malandro
E coisa tal

Nada muda
O que muda
É que aumenta a desesperança do pobre
A cachaça no esquecimento da vida

Muda também a cara de alívio do jornal
Acorde meu amigo
Não acordamos pra vida
Talvez suspiramos para um sono mais profundo

Dizem por ai que do pesadelo
Só se acorda com um susto
E alguns outros já ecoam a máxima pós-Marxista
Guerra civil ao capital!

Ah Índia
Ah Gandhi
Ah Gentileza de minhas ruas
Ensinai ao meu povo jovem

Que o vizinho come do mesmo prato

A cordialidade com os estrangeiros
Esconde nossa vergonha corrupta
Fechemos as feridas históricas
Lambemos então o sangue e sejamos um

Brasileiro
Longe da bola
Longe
Do circo fervente do bem virá

Qual radical há de ser o pivô brasileiro?
O modelo platônico de uma realidade oca?
Ah Gentileza
Tu fostes a rua e pregaste um cristo

Que não sabemos praticar
A cara
A face
Qual aforismo louco ainda não lemos

Não sabemos ser cordiais
De fato
Impressões a parte
Sejamos gentis com os vizinho

Afinal o prato é o mesmo
Mesmo ato
Mesma face
Mesmo tapa

Que abram todas portas do agora
Num fenda alucinante para este momento
E que o sorriso desta criança ao meu lado
Não cai morto em um guerra que não resolve nada

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Devaneios poéticos

O subjetivismo de minhas palavras
Esbarra entre a certeza de não se saber nada
E a ciência que tenho eu do mundo
Assim vou passando por estes versos

Versos sem fundo
Tal como o saber de tudo
Perdido no fundo do armário
No fundo desta metáfora ruim

Talvez a vida seja
Uma metáfora ruim e sem graça
Este eu que escreve
Hoje não esta bem

Não pode estar

Sigamos os olhos então
Eis que deixei o declive do dente da engrenagem
Machucar meus braços
Olhemos ao sol

Afinal tudo não se reduz a palavra
A consciência de se estar consciente
É o maior engodo dos iluminados
Ratos girando na esteira da perdida ciência

Uns gritam bem alto
Como se gritar aliviasse a verdade do peito
"somos nós os novos deuses"
E quem discordar será tachado de retrogrado

Eu que não sei falar se não de mim
Eu que jamais pulei o muro defronte minha realidade
Não posso lutar com estes versos
Deslealdades realísticas

Eu não sei gritar

Pensando bem não sei lutar
se não para mim
Um egoísmo de saber só para si
O louco eu perdido cá dentro

Sonhando sozinho
Tal como uma criança
Olhando o muro defronte
Não vai pula-lo

Mas já pulou e não gostou do que estava alem
Por isso volto choramingando ilusões
Contemplou o muro sonhando
E sonhou de mais meu menino

E voltou a dormir
O sono perpetuo
Da ignorância e da inocência
Porque saber que sabe é um estado de espírito

Uma afirmação metafísica
Deixemos os profetas cuidar disso
Cuidemos de nossa vida
Porque o caminho é curto


E são muitas as pedras dessa vida

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