segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Versos da depressão consumista

Num domingo

Não há tradução ou poema perfeito
É apenas a vida batendo na porta
E eis que não tinha ninguém em casa
Estávamos todos comprando nada

Assim passeando no domingo
Mais um dia qualquer
A satisfação nunca chega
É sempre um momento depois do agora

Amanhã quem sabe sou feliz
Ou talvez faça aqueles versos
Aqueles que não me deixou dormir
E sismou em bater cá dentro

A inutilidade do domingo
Costurada com a segunda útil de um mês perdido
Trabalho suor pesado
Vencer na vida e nem reparo

A vida bateu na porta!
Na trave de um goleiro desatento
Força nos braços cansados
E não resistem ligam a Droga da TV diária

O milionário do apresentador
Tem orgulho de mostrar o sobrevivente do desastre
Bundas rebolando junto com sangue suor e lagrima
As vezes me bate um sensação de irrealidade

Qual o limite deste absurdo?
Quem foi que chorou e disse: Nossa isso é sublime!
"Pensei em Deus e na família"
Vamos aos comercias
Balancem a bunda e vamos ganhar dinheiro

Faz parte do show
Afinal de contas o carnaval tá ai
Vamos beber os dias inúteis
Escravos depressivos e drogados

"Drogas? to fora!
Só umas novelinhas de vez em quando
Mas se embrulhar com um jornal mal feito
É o anti-depressivo mais feliz da parada"

Já deu dez horas
Cinderela pega o ônibus amanhã as cinco
Sono de drogado é profundo
Amanhã é dia útil

Carnaval é só na quarta
Quem sabe se até lá não morro de overdose

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Na aresta de um brinquedo

Quer botar o mundo na boca
Pedaço a pedaço
Aprende a selecionar
O que vai e o que fica

Vai meu filho
Sentir o mundo por dentro
Nas arestas de um brinquedo
Encontra mais verdades que todos os filósofos

Se é que filósofos encontram verdades

Na atesta do brinquedo
Seus olhos enxergam por dentro
Enxergam aquilo que esquecemos de ver
Um pedaço saboroso desse mundo repleto de pedaços

Pedaços azuis e vermelhos
O sabor da dureza e do macio
O leve verdadeiro e na medida do pesado
Os cantos inalcançados da ideia que é a coisa em si

Vai meu filho
Minhas palavras perdem a cor
Você mastiga o brinquedo com muito mais certeza

Vai meu filho
Me ensina a ver um mundo diferente a cada dia